
Madrid, Julho de 2005
Fomos ao Teatro Español ouvir a Martirio. Plateia cheia. Olho para a fila ao lado e vejo Penélope Cruz e Pedro Almodóvar. A menina é jeitosa, mas a sua presença não me suscita qualquer interesse especial. E, no entanto, o realizador de Habla con Ella torna-se um espectáculo dentro do espectáculo. Como num caleidoscópio, «viajo» para o princípio daquele filme e sinto-me Benigno a estudar a emoção de Marco Zaluaga enquanto ambos vêem Pina Bausch. Almodóvar não me desilude. Quando Martirio ataca uma copla mais sofrida, o realizador puxa do lenço e sacode uma lágrima furtiva. Sinto-me reconfortada, no meu inocente voyeurismo. Há coerência entre o homem e a sua obra.
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